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DIÁRIO DE BORDO 15/06/2024

  Nos encontramos na sala de ensaio Cici Pinheiro para discutirmos o texto que havíamos lido, vulgo, (Auto)Biografia na cena contemporânea: entre a ficção e a realidade, de Gabriela Lirio Gurgel Monteiro. Primeiro entramos na discussão de que, em todos os textos de mulheres que líamos, elas referenciam homens e nosso propósito com a pesquisa de Marias e Madalenas é ler e pesquisar apenas materiais feitos por mulheres. 

  E nos perguntamos, o porquê de mesmo indo atrás de teorias femininas aquele pensamento teve que partir de algo que um homem disse lá atrás, pois mesmo que aquilo esteja sendo dito e escrito por uma mulher, a maioria das referências foram e citações para chegar nas conclusões da autora foram tiradas de Homens Cis Brancos. Daí listamos essa dificuldade de achar textos escrito por mulheres que a maioria das referências ditas no texto são de mulheres, sem ter que passar por grandes teóricos da ciência para basear a metodologia da pesquisa.

    Partindo para outro tópico, em nossa pesquisa além de estudarmos esse teatro e cinema da mulher com narrativas femininas diante a violência contra as mesmas, vamos abranger para o estudo de uma linguagem híbrida entre teatro e Audiovisual para estruturamos tanto a dramaturgia quanto a estrutura da peça. E com isso nos interessou uma peça que Gabriela Lírio cita em seu texto chamada, ‘’Festa de Separação’’, que retrata a separação de um casal de namorados. Os dois estão em cena, Janaina Leite e seu ex -companheiro Felipe Teixeira Pinto. O cenário é dividido em dois, de um lado é o espaço pessoal de Janaína e do outro o espaço pessoal de  Felipe, retratando como se fossem os seus quartos. Ao fundo passa um documentário que eles mesmos fizeram sobre o término, e partes da obra audiovisual mostra a festa que eles literalmente fizeram com seus amigos reais ‘’ comemorando’’ a separação. E nessa festa os amigos dão de presente itens para ajudar no processo desse término, e os atores vão mostrando em cena no palco enquanto na tela mostra o momento em que receberam aquilo. E percebemos um diálogo entre os dois momentos, mesmo que um esteja acontecendo no presente e o outro já no passado, os dois estão fazendo presentes ao mesmo tempo para o público. É interessante também porque os atores não se dialogam em cena, mesmo que a narrativa híbrida de certa forma os faça dialogar. Mas há momentos da peça que falam ao mesmo tempo com pessoas diferentes, como se estivessem em espaços diferentes.

       E partindo da referência da peça citada, vemos que além desse diálogo entre artistas no palco e registros audiovisuais, há muito da autobiografia com uma linguagem documental também, já que estão colocando em cena uma experiência que realmente viveram, em conjunto, mesmo que os dois atores não se dialoguem em cena e estejam retratando lugares diferentes..Nossa pesquisa nasce muito de uma autobiografia como atrizes pesquisadoras também, de trazer as próprias vivências pessoais e não só elas, como a de nossas familiares também, a linearidade de histórias de nossas, avós e mães. 

 Com isso, trouxemos ideias para a nossa construção de ‘’ Marias e Madalenas’’  Pensamos em deixar as duas personagens em lugares diferentes, uma atriz em cena na tela por meio do vídeo projetado e outra em cena. As duas terão seu próprio espaço, mas os dois espaços serão retratados nos dois cenários, tanto no vídeo, tanto no palco, para dar a ideia que é o mesmo lugar mas em planos diferentes. Trabalhando com perspectivas de, por exemplo, alguma das duas personagens está morta, e por isso elas não estão conversando entre si mesmo estando no mesmo espaço. São ideias a serem amadurecidas durante o processo de criação!

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